New Strategies for Using Grafts Harvested from Outside the Safe Zone
Robert H. True, MD, MPH, FISHRS
Artigo comentado por Dr. Lucas Telles
Conflitos de interesse: nenhum
Introdução
Nos últimos anos, temos visto uma predominância do método FUE como técnica escolhida na retirada das Unidades Foliculares no transplante capilar. E, como consequência, também notamos um aumento da coleta de folículos situados fora dos limites da clássica “Safe Donor Area” (SDA) descrita pelo Dr. Walter Unger (figura 1). Os motivos principais para este fato seriam:
1) Megassões que necessitam mais de 2500 UFs;
2) Necessidade de manter a área doadora homogênea, evitando o “overharvesting”.
A abordagem de folículos fora da SDA pode ser utilizada, mas devemos levar em consideração alguns riscos. O autor classifica como áreas intermediárias (figura 2) as regiões logo acima e logo abaixo da SDA tradicional. Nestas regiões, os folículos ainda são predispostos à ação androgênica da Diidrotestosterona (DHT) e poderiam vir a sofrer miniaturização com o tempo. Outro grande risco de se coletar folículos dessas regiões seria a colocação destas de forma concentrada na região receptora, em blocos, causando falhas aparentes e um resultado inestético. O autor sugere algumas estratégias para a ideal utilização dessas unidades, tendo como inspiração o trabalho do Dr. Sebastian Yrariat em cirurgias reparadoras de couro cabeludo: Potentially Androgenic Hair Transplantation (PAHT).
Objetivos
Otimizar o uso de unidades foliculares oriundas da zona doadora intermediária possivelmente androssensível ampliando a possibilidade e a disponibilidade de fios para um transplante capilar.
Discussão
Possuímos algumas regiões do couro cabeludo resistentes à ação da DHT e, por isso, são chamadas de áreas seguras. Logo acima e logo abaixo destas, existem as zonas intermediárias superior e inferior, que podem ou não terem sensibilidade à miniaturização. Em pacientes com tendência a evoluírem para calvície grau 7, ocorrerá uma rarefação mais extensa com miniaturização acentuada nas zonas intermediárias. No entanto, em graus menos avançados, essas regiões tendem a se preservar, sendo resistentes à DHT e seguras. Diversos estudos mostram que em torno de 25% dos homens evoluem com calvície grau 7 aos 80 anos. Um estudo detalhado do paciente a ser submetido a extração em áreas intermediárias faz-se então fundamental. Para triagem desses indivíduos, é preciso avaliar se ocorreu início da calvície antes dos 20 anos, se possui muitos parentes com calvícies grau 6-7, miniaturização superior a 15% nas zonas intermediárias. Para estes pacientes, o planejamento de onde inserir folículos das zonas intermediárias é mandatório. Portanto, a anamnese, avaliação dermatoscópica e planejamento são pilares de sucesso de um cirurgião de restauração capilar.
Em pacientes com risco de possível evolução com calvície grau 7, em que pretendemos utilizar unidades foliculares das zonas intermediárias, é fundamental traçarmos estratégias para bons resultados a longo prazo. Existem duas formas para isso:
1) Distribuir os folículos dessas áreas de forma randomizada fazendo com que estes não ultrapassem 20% do total inserido num mesmo local;
2) Inserir esses folículos de forma programada em regiões que, caso eles venham a miniaturizar, mantenha um aspecto harmônico e natural.
Podemos dar duas sugestões de uso de unidades oriundas de zonas intermediárias:
a. Colocação de enxertos das zonas intermediárias em sua totalidade no Hairline. Caso estes venham a miniaturizar, darão um aspecto de calvície inicial e natural;
b.Na reconstrução do vértex, colocá-los ao centro, sempre prevendo que ao se miniaturizar, deixem um aspecto de calvície estético.
Conclusão
Utilizando Unidades Foliculares acima e abaixo da considerada zona doadora segura, poderemos aumentar a capacidade doadora de um paciente. Porém, aumentamos a probabilidade de perda dos fios implantados ao longo dos anos. Para isso, o tratamento clínico torna-se fundamental, assim como estimar o risco do paciente evoluir com calvície grau 7, o que com certeza tornaria as áreas intermediárias temporárias. Uma vez consideradas temporárias, sua colocação deve ocorrer de forma aleatória ou então em regiões onde sua perda futura não acarrete resultados inestéticos.
Referências
1. Devroye J. Overview of the Donor Area: Basic Principles. In: Unger W, Shapiro R, et al., eds. Hair Transplantation, 5th Ed. Informa Health Care: New York, New York; 2011, pp. 257-260.
2. Yrariat S. Hair Transplantation in Scarring Alopecia. In: True RH, Garg S, Garg AK, eds. Practical Guide to Hair Transplantation— Interactive Study for the Beginning Practitioner. Delhi, India: Thieme Med and Scientific Publishers; 2021, pp. 532-534.
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Folículo - Edição 24