Cirurgiões plásticos e dermatologistas estão levantando sérias preocupações sobre a tendência crescente de transplantes capilares realizados por não médicos, como esteticistas e profissionais não licenciados. Esses procedimentos, quando não conduzidos por cirurgiões plásticos ou dermatologistas certificados, representam riscos significativos à saúde e podem levar a complicações graves.
Anna Cecília Andriolo, dermatologista e atual presidente da ABCRC (Associação Brasileira de Cirurgia da Restauração Capilar), aponta que os transplantes capilares não autorizados geralmente ocorrem em ambientes não estéreis, aumentando o risco de infecções graves, abscessos e até mesmo sepse com risco de vida. “O manuseio inadequado do couro cabeludo também pode resultar em cicatrizes excessivas, queloides e padrões de cicatrização não naturais, tornando os procedimentos corretivos difíceis ou impossíveis”, afirma.
Andriolo observa ainda que pacientes submetidos a procedimentos de profissionais não licenciados frequentemente apresentam linhas capilares não naturais, densidade irregular e baixas taxas de sobrevivência do enxerto. Sem treinamento adequado em implantação folicular, esses procedimentos podem levar à queda excessiva e transplantes mal sucedidos, deixando os pacientes com resultados decepcionantes e irreversíveis.
Segundo o cirurgião plástico Alan Wells, especialista em Transplante Capilar e vice-presidente da ABCRC, “técnicas de anestesia inadequadas podem resultar em dor intensa e complicações, incluindo reações alérgicas. Além disso, passar por um procedimento por um indivíduo não licenciado apresenta sérios riscos legais e éticos. Muitos países regulam rigorosamente o transplante capilar, e os pacientes podem ficar sem recurso legal em caso de negligência”, alerta.
Wells observa ainda que um transplante capilar mal realizado pode danificar permanentemente o couro cabeludo e os folículos capilares, reduzindo as chances de restauração futura, por isso, profissionais médicos recomendam fortemente que os indivíduos que consideram o transplante capilar verifiquem as credenciais de um cirurgião, garantam o credenciamento da clínica e busquem tratamento apenas de cirurgiões plásticos certificados ou dermatologistas especializados em restauração capilar.
O Censo realizado pela ABCRC, em 2023, aponta que 12% dos profissionais entrevistados relatam já terem tratado de pacientes que necessitavam de reparo de cirurgias anteriores feitas por profissionais não habilitados ou clínicas clandestinas.
Os transplantes capilares são procedimentos cirúrgicos que exigem conhecimento médico especializado. Os riscos associados a profissionais não licenciados superam em muito qualquer potencial economia de custos. Especialistas aconselham todos os indivíduos que buscam tratamentos de restauração capilar a priorizar a segurança, garantindo que o procedimento seja conduzido por um profissional qualificado em uma unidade médica licenciada.