Muitas pessoas acreditam que a calvície ocorre quando os fios de cabelo de uma área do couro cabeludo caem e não voltam a crescer. Isto acontece em alguns casos especiais, mas estes são raros. Em geral, a calvície resulta de um afinamento dos fios, que vão se tornando mais curtos e reduzidos em diâmetro até que desaparecem. A este processo dá-se o nome de miniaturização.
Pode começar a partir dos 18 anos de forma contínua, mas períodos de perdas mais acentuadas intercaladas com outros de estabilização. Após os 50 anos, o processo da perda se torna mais lento e homogêneo.
É natural que, com a idade, o volume de cabelos diminua. Os fios são compostos basicamente por proteínas; por isso, é recomendável consumir carnes, ovos, leite, soja, grãos e castanhas.
No entanto, a calvície androgenética, como é chamada pelos médicos, não é uma doença, mas sim uma característica física estabelecida quando a pessoa é concebida. “Andro” vem de “andrógenos” (testosterona ou DHT), necessários para produzir perda de cabelo; e “gênica” é o gene herdado necessário para esta forma de calvície ocorrer.
No couro cabeludo, a testosterona é convertida por uma enzima em outro andrógeno chamado DHT, que causa a morte de fios, tornando-os mais curtos, mais finos e mais claros – este é o processo da miniaturização. O passo seguinte é o fio deixar de nascer.
De fato, rodos os fios de cabelos caem, pois são parte de um ciclo de vida. A diferença é que alguns não contêm o código genético para a calvície, e outros, sim.
Os que não têm esse código são os que caem grossos e encontramos em escova, no ralo, no travesseiro – não se preocupe com estes: eles são naturalmente repostos. Já os fadados a cair, enfraquecem gradativamente e se encolhem, tornando-se uma penugem invisível a olho nu.
Não se entende por completo a genética da calvície, extremamente complexa, mas sabe-se que a herança dos genes pode vir de qualquer lado da família e eles podem afetar de forma diferente cada membro.
Fatores externos também podem causar a queda de cabelo como estresse, tratamentos medicamentosos, quimioterapia, diabetes, etc. Geralmente, nessas situações, a queda é temporária e reversível. Por outro lado, usar bonés ou lavar a cabeça diariamente não influencia em nada a calvície.
Estima-se que mais de 25 milhões de brasileiros do sexo masculino sofram de algum grau de calvície. A mais comum delas é a calvície de padrão masculino ou alopecia androgênica: a perda de cabelo pode começar a qualquer momento após a puberdade, quando os níveis sanguíneos de androgênios sobem. A primeira mudança é geralmente recessão nas áreas temporais, que ocorre em cerca de 96% dos homens brancos maduros, incluindo aqueles não destinados a progredir para a calvície.
Embora a densidade do cabelo tenda a diminuir com a idade em todos os casos, não há como prever qual padrão de calvície terá um jovem que apresenta os primeiros sinais de perda de cabelo. Em geral, os que começam a perder cabelo na segunda década são aqueles nos quais a perda de cabelo será mais grave. Em alguns homens, a perda de cabelo se inicia apenas a parir dos 30 ou 40 anos. É consenso geral que a calvície tem uma incidência de 20% entre os homens em seus 20 anos, de 30% entre os homens com 30 a 40 anos, de 40% entre os homens em seus 40 anos e assim por diante. A partir destes números, pode-se estimar que um homem de 90 anos têm 90% de chance de ter algum grau de calvície.
Pelos das axilas e pubianos são dependentes de testosterona para o crescimento. Já o crescimento da barba e a perda de cabelo de padrão masculino são dependentes de dihidrotestosterona (DHT). As células do folículo capilar têm receptores que se ligam ao DHT. Ele adentra as células por estes receptores e altera a produção de proteína pelo DNA da célula. No longo prazo, o crescimento do folículo piloso para. Este processo se chama miniaturização.
A testosterona é convertida em DHT pela enzima 5¤ – reductase. O medicamento Finasterida bloqueia esta enzima, diminuindo a quantidade de DHT no organismo.
Em homens com calvície padrão, todos os cabelos de uma área podem ser afetados pela miniaturização e esta área pode ficar coberta com cabelos finos (penugem) ou ter os folículos eliminados, ficando completamente sem pelos ou cabelos.
Calvície masculina é uma condição hereditária e o gene pode ser herdado da mãe ou do pai.
A calvície de padrão feminino também é causada por predisposição genética e pela presença do hormônio dihidrotestosterona (DHT), mas manifesta-se de forma diferente da masculina. O processo de miniaturização é mais difuso, tornando o cabelo mais ralo em uma área vasta da cabeça, sem criar áreas totalmente calvas e sem regressão na linha do cabelo. Normalmente, a área mais afetada é o topo da cabeça.
Além da calvície de padrão feminino, há outras causas para perda de cabelo em mulheres, como alterações hormonais, estresse, doenças, uso prolongado de determinados medicamentos e deficiências químicas, entre outros. Antes de indicar um tratamento, devem ser descartados quadros em que a perda de cabelo é sintoma de uma condição que afeta a saúde da paciente e que demande tratamento global.
Desde 2004, o número de pacientes do sexo feminino que fizeram cirurgia para restauração capilar em todo o mundo aumentou 24%. No mundo inteiro, as mulheres constituem 14,2% por cento de todos os pacientes de restauração capilar. A cirurgia de transplante de cabelo costuma ser a mais indicada, bem como tratamentos não cirúrgicos como o medicamento Minoxidil, o laser de baixa voltagem, e, em casos específicos, a Finasterida, normalmente mais indicada pra homens, entre outros.
O início do aparecimento dos sintomas da calvície pode ocorrer logo após a puberdade, com picos de prevalência nas décadas de 20 e 40, períodos de perimenopausa ou em alterações hormonais. Sua incidência é tão alta quanto a dos homens; cerca de 50% da população feminina com menos de 50 anos á acometida pela patologia. Apesar de muito comum, não é corretamente diagnosticada em todos os casos. Em consequência disso, os tratamentos prescritos nem sempre são os mais adequados.
Na prática, quando o especialista se depara com a calvície masculina, o diagnóstico é geralmente feito através de entrevista e do exame físico do paciente. Já nas mulheres, os tratamentos aplicados nas mulheres são embasados mais na experiência prática do que nos estudos científicos.
Hoje, com o advento da dermatoscopia, o diagnóstico em consultório pode ser feito de maneira mais precisa, necessitando de exames complementares mais complexos, como hemograma, ferro sérico, ferritina, avaliação da tireoide, relação FSH/LH, prolactina, vitamina D e os andrógenos. Se ainda houver dúvida, recomenda-se a biópsia de couro cabeludo.
- Anatomia do Cabelo / Folículo Capilar
O folículo capilar é uma estrutura em forma de bolsa, localizada na camada profunda da pele. É dentro dele que se localiza a raiz do fio capilar. Cada folículo piloso tem capacidade para produzir e fazer crescer fios de cabelo, sendo que 90% dos folículos produzem um fio de cabelo por vez e 10% produzem dois ou mais fios ao mesmo tempo.
É no folículo que as glândulas sebáceas desembocam e expelem gordura para lubrificação da pele. Na base do folículo há também células nervosas, estimuladas quando se mexe nos fios, e fibras musculares, que permitem que o fio se mantenha ereto, crescendo perpendicular à pele, e responsáveis por elevar o folículo acima da superfície de pele quando sentimos arrepio.
Em todo o corpo humano, estima-se que existam cerca de cinco milhões de folículos capilares. Eles estão em toda a superfície do corpo, exceto nas palmas das mãos e nas solas dos pés.
Os fios de cabelos crescem 0,33 mm por dia, ou seja, cerca de 1 cm ao mês.
A queda normal diária de cabelos tem relação direta com o número total dos mesmos e com a duração da fase de crescimento. Normalmente, uma pessoa tem em média 100.000 fios de cabelos e uma fase de crescimento de três anos, ou seja, esta pessoa troca cerca de 100.000 fios a cada 1.000 dias, tendo uma perda de 100 cabelos por dia. Se o indivíduo tiver mais do que 100.000 fios, com o mesmo tempo de fase de crescimento, ele terá uma maior perda diária.
É importante compreender o ciclo de crescimento do cabelo normal para entender por que ocorre a queda de cabelo. O folículo piloso é uma estrutura anatômica que produz e faz crescer um fio de cabelo. Cabelo é composto de proteínas chamadas queratina. O cabelo humano cresce num padrão cíclico contínuo de crescimento e descanso conhecido como ciclo de crescimento.
Os cabelos estão em constante renovação; existem três fases do ciclo de seu crescimento:
- Anágena: fase de crescimento;
- Catágena: fase de degradação;
- Telógena: fase de repouso.
Os períodos de crescimento (fase anágena) duram entre dois e oito anos e são seguidos por um breve período, de duas a quatro semanas, em que o folículo é quase totalmente degradado (fase catágena). Em seguida começa a fase de repouso (telógena), que dura de dois a quatro meses.
A perda normal do cabelo, não relacionada à calvície, ocorre quando começa o próximo ciclo de crescimento (fase anágena) e um novo fio de cabelo começa a emergir, expulsando o fio que estava em repouso no folículo. Em média, 50-100 cabelos telógenos caem a cada dia. Esta é a perda de cabelo normal e explica os fios que acumulam cotidianamente no ralo do chuveiro e na escova de cabelo. Estes cabelos serão substituídos por novos fios. Não mais do que 10% dos folículos estão na fase de repouso (telógena) a qualquer momento.
Vários fatores podem afetar o ciclo de crescimento do cabelo e causar queda temporária ou permanente (alopecia), incluindo medicamentos, radioterapia, quimioterapia, exposição a substâncias químicas, fatores nutricionais e hormonais, doenças da tireoide, doença de pele generalizada ou local e stress.
Andrógenos (testosterona, dihidrotestosterona) são os fatores de controle mais importantes do crescimento do cabelo humano. Andrógenos têm de estar presentes para o crescimento da barba, pelos das axilas e pubianos. O crescimento de cabelo do couro cabeludo não é andrógeno-dependentes, mas andrógenos são necessários para o desenvolvimento da calvície de padrão masculino e feminino.
- Doenças do Couro Cabeludo
Confira uma breve explicação sobre algumas das doenças mais conhecidas.
Caspa, ou dermatite seborreica – é a oleosidade excessiva no couro cabeludo, seguida por infamação e descamação. A inflamação deixa a pele vermelha, e a descamação fere o couro cabeludo. Pode acelerar a calvície. Geralmente, o estresse é uma de suas causas. O tratamento é feito com xampus e normalizadores de escamação.
Psoríase – mais comum em joelhos e cotovelos, pode acometer o couro cabeludo. Por levar a uma descamação, por vezes é confundida com caspa, porém aqui ela ocorre além dos limites do couro cabeludo. Recomenda-se exposição solar e uso de xampus específicos.
Alopécia areata – doença autoimune; o corpo destrói as próprias células. É caracterizada pela perda de cabelos em forma de círculo – na cabeça, barba, pernas, sobrancelhas e até cílios. O tratamento para o couro cabeludo ainda não foi definido.
Tinha do couro cabeludo – causa a perda de cabelo localizada e há o surgimento de placas, que podem inclusive infeccionar. Quando diagnosticada cedo, o tratamento é feito com antibióticos.
Líquen plano pilar – vermelhidão e descamação do couro cabeludo, com bolinhas arroxeadas. Pode levar a perda de cabelo no local, se não tratada. É mais comum em mulheres de meia-idade.
Foliculite queloidiana da nuca – infecção crônica dos folículos pilosos. Em casos graves, pode deixar fibroses ou cicatrizes do tipo queloide. Ocorre mais em homens com tendência a acne.
Pseudo-pelada de Brocq – é o processo final comum a alguns tipos de alopecia. Pode haver afinamento da pele do couro cabeludo, impossibilitando qualquer tipo de restauração capilar.
Tricorrexe nodosa – defeito que faz com que o cabelo se quebre facilmente.
Tricodistrofia – cabelos, cílios e sobrancelhas são curtos e quebradiços.
Pili Torti – alteração na estrutura dos cabelos, causando fios quebradiços e torcidos.
Tricorrexis invaginata – cabelos ficam com o aspecto similar ao de um bambu.
Moniletrix – cabelos quebradiços e finos que se originam de pequenas bolinhas com cascas no couro cabeludo.